Já bem perto do ocaso, eu te bendigo, ó Vida, porque nunca me deste esperança mentida, nem trabalhos injustos, nem pena imerecida.
Porque vejo, ao final de tão rude jornada, que a minha sorte foi por mim mesmo traçada; que, se extraí os doces méis ou o fel das cousas, foi porque as adocei ou as fiz amargosas: quando eu plantei roseiras, eu colhi sempre rosas.
Decerto, aos meus ardores, vai suceder o inverno: mas tu não me disseste que maio fosse eterno!
Longas achei, confesso, minhas noites de penas; mas não me prometeste noites boas, apenas, e em troca tive algumas santamente serenas…
Fui amado, afagou-me o Sol. Para que mais? Vida, nada me deves. Vida, estamos em paz!
Amado Nervo - Poeta Mexicano
"Viva o dia da poesia!"
2 comentários:
Me lavou a alma, biguá velho...
Nunca esquecer do pressuposto zero - as coisas poderiam simplesmente não-ser...
Vontade de copiar num manuscrito esse poema, umas cem vezes...
As coisas não são! Assim partirmos, desconfiando, procurando as pegadas... Como diria Buda: "a mente está além do uso". E a vida preciosa serve para nos ensinar, simples assim...
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