domingo, 2 de agosto de 2009

O monge vê;
o sábio contempla;
o discípulo aprende.
Maravilhosa a roda da história,
que sempre se repete
na simplicidade das coisas.

sábado, 1 de agosto de 2009

Preto era seu nome. Tinha uns 47 anos. Quando jovem atuava de zagueiro, na várzea.
Muitos diziam que fora o melhor à sua época. Seu porte lembrava um estivador. Pele curtida pelo sol, bigode cerrado e a vaidade de nunca ter sido expulso em campeonatos, os quais sempre saiu vencedor. Disputou oito deles. A fina truculência que precedia sua figura rude em nada se constatava quando a bola rolava. Como um marechal de campo comandava com maestria seu time, seus diretos comandados. Quando defendia parecia um tanque bradley, projetado para combater o inimigo. Sabia como poucos dominar a redonda: matava-a no peito, e, ao rolar até o chão, pisava na criança com firmeza, olhando em seguida o campo de batalha. Tudo isso até uns 30, 30 e poucos... Depois disso, e não vem ao caso, passou por uma má fase, algo normal e que atinge todos os atletas do futebol. Passou no ostracismo e perdeu sua identidade de xerife. Dizem que o Vanuza o substituiu, não pela postura, no velho oeste da várzea sulina. Mesmo parecendo acabado para o esporte bretão, o velho Preto, teve uma iluminação e decidiu ir para o gol. Voltar a atuar e no gol!? Como pode? Muitos perguntavam. Ele, porém, sabia o que precisava ser feito: tomar sua cerveja, fumar seu LS e enchapelar goleiros adversários com gols de cobertura. No começo a cena parecia bizarra. O homem no gol, fumando. Logo em seguida, após pitar seu 2º cigarro, bebia um copo de Bavaria Premium, que estratégicamente um amigo lhe passava pela goleira. Tudo isso com a bola rolando! Incrível... Imagina um cara desses na seleção? Seria demais! Mas o melhor estava por vir. A arte de, com o cigarro no beiço, ao rechaçar um ataque adversário, encobrir o goleirinho rival com bolas traiçoeiras nos ângulos das traves dos seus contendores. Sensacional. Ouvi dizer que, certa vez, o bendito fez cinco gols deste jeito e seu time ganhou de cinco a zero! Portanto, ao verem um jogador fumando ou bebendo em campo saibam que ali está um desafiador, um inovador. Precisamos de gente assim, que honre seu bigode e faça a alegria da galera. Não como uns que também têm bigode e se locupletam com a marca da falta da moralidade. Preto era seu apelido.