segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Os sinos do inferno batem
Almas tremem
Uma nuvem envolve os pecadores
Pelo que marcham ao fogo ardente
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Os sinos do inferno dobram
Pessoas são influenciadas
E numa queda desabalada
Para o infidável se precipitam
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A temperatura aumenta
Olho atônito os prisioneiros
Incrédulo da perversidade
Tento salvar bons companheiros
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No caminho é inevitável
Não há como fugir
Ouvir os sinos do inferno
E decidir...

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Paulo, o drible e o Chevette

As certezas que temos nessa vida são poucas. O homem ser apaixonado por carro é uma delas. Pode ser rico, pobre, preto, branco... até senador gosta, sim até “eles”... E Paulo não fugia a essa regra. Ele era um tipo comum, mas jogava como meio-campista. Um paradoxo. Tipos comuns não são meia-atacantes. Paulo era. Tinha uma habilidade sem precedentes com a perna esquerda. Seu drible: um corte seco para dentro com a canhota e, logo em seguida, um toque com a direita para fora, rolando a pelota para frente. Tudo na passada marcada da corrida que desabalava para fulminar o goleiro adversário, com seu potente chute proferido por sua sinistra inferior. Mas Paulo em um ponto era excêntrico. Paulo tinha um Chevette Tubarão, ano 76, motor 1.4, de cor bege. A particularidade não era a "chevettera", se acaso pensou. A particularidade da paixão de Paulo era que seu Chevette não possuía tranca alguma nas portas, suas janelas nunca fechavam e a 3ª marcha já não engatava. Caras habilidosos, na várzea, tem um Gol, um Pálio, um Peugeot... Não um Chevette sem tranca!!! Contam que em um campeonato, certa vez, Paulo deixou seu Chevette ao lado de outro Chevette, o do Zé Polca, ano 82, hatch, motor 1.6, cor hortelã. O carro do Zé, um mimo, altamente protegido com trancas e alarmes. Resultado. No no fim da churrascada pós-jogo, o Chevette do Zé havia sumido, evaporado. Não há dúvida que o cara que roubou o Chevette do Zé Polca não foge a regra. Por isso Paulo riu. Afinal, havia vencido a partida, marcado dois gols com seus dribles desconcertantes e sua paixão estava esperando, toda aberta.
Abraço, grande amigo, irmão!
Falo, por meio desta, desde o front, na ponta da lança das coisas.
Saudade dos nossos papos, regados a cervas e chops cremosos.
Nada como um daqueles em uma noite de verão.
Mas a vida, assim como a poesia, está passando urgente sem dó.
O front, amigo, se mostra solitário neste momento.
Os tiros de canhão pararam.
As metrancas deram um tempo.
Saudade das coisas coloridas.
Meus ouvidos retumbam ao dia e ecoam a noite.
Escrevo sobre a experiência, caro biguá.
Ando mais só do que nunca, motivos aqueles que bem sabes.
O front, ao mesmo tempo que me apavora, me consola.
O mundo cinza, preto e branco da falta de liberdade.
Porém, não pense que exista algum desânimo, ou...
Estou mais forte do que nunca.
Um catalizador das coisas da vida.
O front me deu discernimento e coragem.
Estou sempre aqui amigo...
Espero falar mais vezes da minha experiência.
Logo a artilharia dará novo sinal e, eu, como um infante, o peito arfante, retorno ao campo de batalha.
Abração, querido irmão!