sexta-feira, 20 de março de 2009

O somzinho, o cãozinho e a menininha

Costumo voltar do trabalho escutando um "somzinho".
Já é hábito. Olho o relógio. Paro. Vejo mais uma vez as informações -para ter por certo que não houve alteração. Retiro o pen drive e coloco no bolso. Guardo a agenda e dois ou três livros na pasta. Reforço o nó do meu velho tênis. Passo a mão na barba cerrada e penso:
- Por hoje tá beleza.
Me despeço da minha amiga fazendo considerações sobre o dia no trabalho e desejando votos de um ótimo fim de tarde - até o dia seguinte!
E sigo em frente. Descendo as escadas e ligando meu "somzinho". Curtindo as ruas da cidade. Um advogado, quem diria...
E assim os dias seguem. Mas um especial me chamou a atenção. Eu estava perto de uma sinaleira esperando o vermelho - verde para mim. Restava tempo ainda e eu parei, dei uma respirada conformada, o "somzinho" deu uma pausa e na minha frente, exatamente ali, se parou um "cãozinho". Olhar perdido... me pareceu assim a primeira vista. Talvez lhe faltasse um ipod. Acho que não. Bueno, naquele ínterim eu passei a fixar melhor meu olhar nele. E, para minha alma estupefata, ele se portava "tal qual" uma pessoa humana, ou um cidadão humano. Parado sobre a faixa de pedestres. Olhava também com o ar conformado de o sinal ainda estar fechado - ou aberto - e aguardava. Rapidamente me veio ideia de que ele poderia ter tido um dia proveitoso e, da mesma forma, só queria ir para casa lavar as patas e dormir. Nesse momento o sinal abriu - que seja! isso para os chatos... - e as pessoas atravessaram a rua. Ele passou por mim exatamente no meio da via. Momento que merecia uma foto. Por um detalhe não desejei uma ótima noite ao "cãozinho". E os passos e a praça voltaram a aparecer aqui no blog. E o "somzinho" também. Passos e mais passos, e músicas. Foi quando, para completar esse dia, a duas quadras de casa, com um temporal se armando, uma menininha, que caminhava a minha frente com sua mãe, perguntou:
- Mãe, da onde vem a água da chuva?
Sensacional!
Que dia!