quarta-feira, 23 de junho de 2010

Através desta minha boa fortuna, possam todos os seres desfrutar felicidade.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A ave corvídea, preta

Numa sombria madrugada, enquanto eu olhava tevê, fraco, cansado e com fome, sobre um estranho e curioso volume da dança do créu esquecido; enquanto meio que cochilava, já quase dormindo, de repente ouvi um ruído. O som de alguém levemente batendo, batendo na porta do meu apartamento. "Uma visita," disse a mim mesmo, "está batendo na porta do meu cafofo - É só isto e nada mais."

Ah, que eu me alembre bueno, foi no triste mês de outubro, e que cada distinta brasa ao morrer, lançava sua alma sobre o chão. Eu ansiava pela manhã. Buscava encontrar nos livros, nas caixas, nas gavetas, em vão, o fim da minha dor - dor pela ausente ... - pela donzela radiante e rara que chamam os anjos de ... - cujo nome aqui não se ouvirá nunca mais.

E o sedoso, triste e incerto sussurro de janela despida de cortinas, uma até que tinha..., me emocionava - me enchia de um terror fantástico que eu nunca havia antes sentido. E buscando atenuar as batidas do meu coração, eu só repetia: "É apenas uma visita que pede entrada na porta do meu apartamento. Por onde estarão os fósforos? - Uma visita tardia pede entrada na porta do meu apartamento e eu não tenho fósforos, incensos, somente o ferro para estanho, uns jornais velhos e uma caixa de empanados, empanados!; - É só isto, só isto, e nada mais."

Porém depois meu espírito ficou mais forte, e não mais com dúvidas falei: "Senhor", disse, ou "Senhora", te peço humildemente sincero perdão. Mas o fato é que eu dormia, quando tão gentilmente chegastes batendo; e tão suavemente chegastes batendo, batendo na porta do meu apartamento, que eu não estava certo de vos ter ouvido". Depois, abri a porta do apartamento. Nada. Só havia noite e escuridão no corredor e nada mais.

Encarei as profundezas daquelas trevas, como um nêgo véio do Alegrete e permaneci pensando, temendo, duvidando, sonhando sonhos que mortal ou guasca algum ousara antes sonhar. Mas o silêncio era inquebrantável, e a paz era imóvel e profunda; e a única palavra dita foi a palavra sussurrada, "...!". Fui eu quem a disse, sim, e um eco murmurou de volta a palavra "...!". Somente isto e nada mais.

De volta, ao apartamento me voltando a passo de cusco novo, todo meu espírito flamejando, outra vez ouvi uma batida um pouco mais forte que a anterior. "Com certeza," disse eu, "com certeza tem alguma coisa na minha cozinha! Vamos ver o que está nela, para resolver este mistério. Possa meu coração parar por um instante, para que este mistério eu possa explorar. Deve ser meu estômago com fome e nada mais!