Estou finalizando uma crônica futebolística, que me tomou um tempo, ou vem tomando...
A bem da verdade não estou numa boa fase, tipo aqueles jogadores da dupla.
Geralmente se justificam dessa forma para amenizar os pífios desempenhos nos gramados.
Mas comigo não, irmão. Imagina eu, advogado, dizendo ao Juiz: Exa., realmente o réu está certo, sabe como é, tô numa má fase. E o douto Julgador olha, com aquele olhar de pai que já errou e tem muita experiência nisso, saca?, e diz: Dr., não se preocupe... estava assim no mês passado quando não lhe deferi a antecipação de tutela de forma liminar. Eitá!
Acontece... é normal. A minha fase é no geral, não convém - tenho dúvida quanto ao acento desse trem - ficar me lamentando, "vamo em frente"... e meu sangue? Só no fim!
Inobstante a isso - juridiquês animal super class - tive umas alegrias, relacionadas a clientes e mais especificamente hoje, quando do churrasco das sextas.
Lá soube a breve história de Jocemba. Mas vem cá, quem é Jocemba? Nunca ouvi falar nesse cara, e isso que conheço cada figura. Antecipo ser um apelido. Lógico, dã.
Jocemba nasceu com má formação. Ele não tem parte do braço esquerdo. Na várzea é pouco requisitado. Porém, mantém impecável seu fardamento. Sempre bem limpo, cheirando a Confort. Fica ao lado do técnico do time sem falar nada. Entra sempre faltando uns 10 minutos para acabar a partida, ou seria com a... Não tem senso de marcação, posicionamento e seu chute é fraco, chuta pouco e mal. Por que então o Jocemba está lá, no time? Como diz aquela máxima, jogador reserva corriqueiramente não é tão bom quanto aquele que está em campo. Se é ruim, acaba sendo um perigo, pelo fato de estar mais perto do gramado, inevitavelmente acaba entrando no jogo. Exceção é o Gabiru, bons tempos, hehehe.
Figuraça, Jocemba é super bem humorado, e nunca dispensa uma Brahma. É amigo de todos, o Jocemba.
Calma, agora chega o Momento desta minha crônica, o grand moment! No último sábado, meus amigos resolveram dar um relógio ao Jocemba, pois nunca viram ele com um, e também para saber como ele faria com o relógio. Pura sacanagem... Assim, para surpresa de todos ele colocou no final da parte de seu braço esquerdo, que era mais estreita e se assemelhava ao pulso normal. Estupefação geral... veio o silêncio, até ele prender o relógio cuidadosamente. Dava para ouvir a respiração de Jocemba. O silêncio perdurou até o momento que o Deco Padeiro disse: Cara, porque tu não colocou o relógio no braço direito, o "bom"? A pergunta que todos queriam fazer o Deco fez. Deu-se um novo silêncio, este seguido de uma risada irônica e em seguida as sábias palavras de João Alcantara do Nascimento Kemps: Como eu daria corda no relógio?
Sim, caro amigo, o relógio era de corda.
No fim, todos riram e beberam às alegrias da vida e às sábias palavras de Jocemba!
O mundo tem sentido por causa desses caras e dessas histórias, daí porque não devemos nos permitir, é esse o verbo, entrar ou estar em uma má fase.
De João sem braço, prenda-se os corruptos!